terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Um dia na mente de um Rubro-Negro fanático


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Este texto não será escrito pelo Bruno do Prancheta, que tanto se esforça para ser imparcial e justo. Será escrito pelo Bruno Rubro-Negro, apaixonado e fanático por esse time que acaba de se tornar Campeão Brasileiro. Vou tentar traduzir como foi esse dia 6 de dezembro de 2009, o dia mais importante da minha vida de torcedor.




Pra começar preciso dizer o quanto foi longa a última semana. Logo após a penúltima rodada, que colocou o Flamengo tão perto do sonhado título, várias coisas se passavam na minha cabeça. Eu sabia que nunca havia estado tão perto de realizar esse sonho. O sonho de ser campeão do campeonato mais difícil que podemos disputar. Uma semana de espera. Uma semana de especulações sobre a escalação e a forma como o Grêmio entraria em campo. Uma semana de muita ansiedade e, sim, muito medo. Eu sabia que a distância do sonho naquele momento era a mesma da frustração total.

Na véspera praticamente não consegui dormir, afinal como se teria sono naquele estado de tensão? E então chega o tão aguardado dia. Apesar de ter ido à vários jogos dessa campanha, tanto no Maracanã quanto no Engenhão, não consegui o item mais precioso daquele dia, o ingresso do título. Então fui para casa do meu amigo (o grande amigo que divide comigo este glorioso blog, Thiago). Como cheguei cedo, foram horas e horas que cismavam em não passar. Horas e horas vendo programas pré-jogo "enchendo linguiça".

Enfim chega a tão aguardada hora do jogo. Aqueles 90 minutos seguintes entrariam para a história. A ansiedade ia evaporando na mesma intensidade que o medo e o nervosismo iam aumentando. Desde o início da semana eu ficava pensando que 90 minutos seriam muito pouco pra conseguir fazer um gol com aquela tensão toda. Mas eu sabia que jogando bem ou mal o Flamengo começaria o jogo sufocando o time reserva do Grêmio. Era o óbvio. Mas não foi o que aconteceu.  Nossos jogadores pareciam passivos em campo. Os dois destaques do time, Adriano e Petkovic, faziam uma partida pífia. Os erros iam se sucedendo e aquela sensação de "parece que vai dar tudo errado" ia tomando conta. Foi aí que aos 21 minutos o desastre iminente se confirmou. Gol do Grêmio. Do garoto Roberson, após cobrança de escanteio. Levou um tempo até acreditar, mas era realmente verdade. Você não sabe o que fazer. Você sabe que jogando daquele jeito o Flamengo não conseguiria virar o jogo.

E, mesmo que com 100% da atenção naquele jogo, começa fazer eco "gol do Internacional", "gol do São Paulo", "gol do Internacional", "gol do São Paulo". O desespero obviamente aumenta. Meu medo não era pelo vexame, pelo possível Maracanazzo, por entregar um título que estava nas mãos, não. Meu medo era simplesmente deixar de realizar aquele sonho que estava na frente dos meus olhos.

O time continuava passivo. Eu pensava comigo mesmo "precisamos empatar no primeiro tempo ainda, mas como o time tá jogando, só mesmo num lance totalmente fortuito". E foi o que aconteceu. O Airton brigou duas vezes de cabeça pela bola, ela chegou no Adriano que protegeu e como um passe de mágica a bola apareceu limpa e linda na frente do David, pedindo "me chuta e faz esse país explodir". O garoto David obedeceu e colocou um sorriso no rosto dos milhões e milhões de Rubro-Negros atônitos. O sonho estava vivo de novo! Era colocar a cabeça no lugar e voltar para o segundo tempo dominando o jogo.

E assim foi. No segundo tempo era praticamente ataque contra defesa. Mas o tradicional medo de torcedor martelava na minha cabeça que se não fizesse o gol logo, o final do jogo seria um desespero absurdo e muito perigoso. Apesar de dominar, não criávamos grandes chances. Como sairia esse tão sonhado gol, meu Deus? Esse gol tem que sair de qualquer jeito.

Agora para tudo.


Vinte e poucos minutos do segundo tempo. Lançamento para Adriano. O zagueiro gremista se atrapalha e manda a bola para escanteio. Pet vai lá cobrar mais um escanteio no jogo. Não era apenas "mais um". Ele bate fechado no primeiro pau. De repente... a bola balança a rede! Um sonho! Explosão! Eu tenho um primeiro momento de grito, explosão e de soltar tudo que tava dentro de mim. Mas logo num segundo momento eu parei e curti aquele momento mágico em silêncio. Ronaldo Angelim era o nome do herói desse conto épico.

Depois desse momento a volta à realidade. Ainda faltavam 25 minutos de sofrimento. O Grêmio não pressionou muito, mas um lance valeu como vários minutos de pressão. Um lance que parou muito coração Rubro-Negro. O gremista Lúcio cobrou uma falta por baixo, Bruno defendeu e a bola caiu no pé do meia Maylson. Era gol certo. Em milésimos um filme passou na minha cabeça. Eu já via a rede balançando. Mas como um verdadeiro milagre a bola não balançou a rede. O jogo continuava 2 a 1.

A partir daí foi uma contagem regressiva. E aos exatos 48 minutos e 10 segundos o juiz Heber Roberto Lopes apitou, fez seu gestual de final de jogo e toda a Nação Rubro-Negra em todo o planeta Terra (quiça em outro planeta) explodiu em alegria, sorrisos, abraços, choro, gritos, buzinas, fogos, silêncios. O que eu mais aguardava desde que me entendo como torcedor da forma que eu sou hoje havia se tornado realidade naquele momento!

Torcedores como eu têm o Flamengo como uma religião. Encontram outros Rubro-Negros em qualquer parte do mundo e tratam quase como um irmão, alguém que tem aquela mesma paixão que você. É algo inexplicável. Apesar de ser algo que não se controla, eu sempre falo que não queria ser assim, que não queria ser tão influenciado por algo tão banal como futebol. Você tem muito mais momentos de frustração do que de alegria. Mas momentos como esse compensam todos os outros.

O fato de você ser esse tipo de torcedor faz as pessoas te darem parabéns num dia como esse, como se fosse realmente uma conquista sua. Isso é muito bom! E depois você assiste várias e várias homenagens na TV, jornais, internet etc e sente como se você tivesse sendo homenageado.

É difícil pra quem é "de fora" entender isso tudo. Parece insanidade. Mas eu garanto que, mesmo que seja insanidade, proporciona momentos incríveis. E domingo foi um desses momentos. Até agora o maior de todos pra mim como Rubro-Negro. E que venham mais momentos como esse!

EU SOU CAMPEÃO BRASILEIRO!


6 comentários:

Angela disse...

Caramba,que texto! Emocionante, criativo, inspirado!Eu sou Flamengo tb, mas auem não é, fca com vontade de ser depois de ler esse post. Nossa, muit, muito bom mesmo! Parabéns!Parabéns duplamente: pelo título pelo brilhantismo do texto!

Unknown disse...

eu diria penta e campeão da copa união, para ser exato!
se o flamengo é 6 teremos que contar tbm os campeões das taças Brasil.

Unknown disse...

Cara, o Flamengo é Campeão Brasileiro de 2009!

Fernando Soutelino disse...

Flamengo!! Campeão Brasileiro de 2009, ou seja, campeão do campeonato mais disputado da era dos "Pontos Corridos"!!

Unknown disse...

sim sim campeão brasileiro de 2009 e com todo louvor, nao dicuti isso hr nenhuma! Nem se foi o mais ou o menos disputado, pois ganhar o brasileiro em qlqr ano foi dificil e continuará sendo, temos o campeonato nacional mais dificil do mundo...

so contesto a justiça pelo Sport Club Recife e contesto o HEXA, so isso.

Luciana disse...

Tenho que concordar com a Angela...belíssimo texto !!!

Apesar de não ser flamenguista e não ter torcido mto pro flamengo, rs....tb tenho o futebol como religião e consigo entender perfeitamente a emoção e o desespero que passamos nesses momentos.

Os últimos 20 minutos do jogo do Flu tb foram mtooo emocionantes..e graças a Deus correu td bem.

E o mais importante, todos os grandes cariocas se mantiveram na série A, pq eles merecem.

Bem, é isso.rs