Obina e os rótulos

Como todos já sabem, o atacante Obina foi para o Palmeiras por empréstimo até o final do ano. E sendo assim, algo vem me incomodando há algum tempo e se acentuou bastante com este estopim da transferência.

É claro que a análise sobre um jogador é em boa parte pessoal. Digo "em boa parte" porque tem situações específicas que não são tão subjetivas. Mas enfim, deixo claro aqui que acho o Obina um bom jogador. Forte, bom cabeceador, bom pivô, ajuda na marcação e, principalmente, criativo. Essa última característica é algo que não é tão fácil de se encontrar. Ele cria situações. Não faz apenas o básico.

É claro que o momento (seja psicológico, técnico ou físico) conta muito. Obina viveu bons e maus momentos no Flamengo. Foi sempre atrapalhado pela falta de sequência de jogos (as vezes por culpa dele próprio e as vezes por culpa dos técnicos). No início desse ano, Cuca deu a chance que ele precisava. Titular absoluto e confiança. Ele jogou bem, mas a chance dele bateu na trave. Ficou marcado por não ter conseguido fazer gols, apesar do título carioca do Rubro-Negro.

A mídia criou o fenômeno Obina. O herói Obina. O ídolo Obina. Não importava se ele jogasse bem ou mal. Criou o rótulo. Mas agora tudo mudou. O rótulo já é outro. Obina é o "ex-xodó perna-de-pau". Que alguns (ou muitos) achem Obina um mal jogador, ok. Mas porque humilhar, como tenho visto em vários programas de televisão? Por que chacotear? Pra vender mais? Pra ser mais polêmico?

Agora, acredito realmente que Obina mostrará seu valor no Palmeiras. Não por ser o Luxemburgo ou pela melhor estrutura. Muito menos pelo time. Simplesmente porque na Gávea ele já estava carregando uma pressão absurda. No Palestra, com novos ares, novo ambiente, apesar de as chacotas não pararem, ele irá renascer.
É claro que ele jogando bem lá, vão esquecer das chacotas.

A mensagem que eu gostaria de passar é que a mídia esportiva tentasse não pegar tão pesado. Falo isso principalmente para alguns jornalista e comentaristas totalmente irresponsáveis.


Obs: O atacante Souza, em proporções um pouco menores, também passa por esse tipo de rotulação. Já foi artilheiro do Brasil, era o atacante mais importante do Flamengo, mas como não fazia muitos gols, criaram nele o personagem do perna-de-pau, sem ao menos analisar com cuidado as atuações dele. No Corinthians ele sofre por ser reserva de um dos melhores atacantes de todos os tempos e pelas oportunidades. As vezes só o fato de ser grandalhão já o "transforma em pereba". Vamos ter cuidado.